Nunca se ouviu falar tanto de sustentabilidade no Brasil como nas últimas semanas, em função da Rio+20, conferência das Nações Unidas que reuniu no Rio de Janeiro brasileiros de todos os segmentos e muitos líderes mundiais. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também marcou presença no evento e o que podemos observar é que, para muitos, a sustentabilidade é encarada de forma simplista, e algumas vezes até poética, dentro do viés apenas da questão ambiental. Mas não é só isso. A sustentabilidade está fundamentada em três pilares – o ambiental, o econômico e o social –, os quais precisam estar em perfeito equilíbrio para que, aí sim, exista uma sustentabilidade efetiva.
Hoje, o que vemos é um Brasil que vive em desequilíbrio. Afinal de contas, embora ocupe a posição de sexta maior economia do mundo em função do Produto Interno Bruto (PIB), na outra ponta o País está no 84º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ou seja, embora seja promissor economicamente, uma parcela significativa da população brasileira não tem condições básicas de saúde, educação e segurança. Portanto, para o Brasil ser um país sustentável, é preciso antes de mais nada vencer esse desequilíbrio entre os pilares econômico e social.
Com esse equilíbrio, se torna mais fácil, também, alcançar a tão desejada sustentabilidade ambiental. De que adianta hoje, por exemplo, existirem regras duríssimas, que inviabilizam o desenvolvimento industrial de determinadas regiões do país “sob a desculpa da preservação ambiental”, se não há instrumentos que assegurem essa proteção e, tempos depois, o que vemos nessas áreas são submoradias e uma população que não tem emprego e, consequentemente, renda e acesso aos requisitos básicos para uma qualidade de vida sustentável? E o pior, com o meio ambiente ainda mais comprometido do que antes.
A sustentabilidade ambiental, a partir de instrumentos legais para preservação dos recursos naturais, é necessária sim, mas não pode inviabilizar a sustentabilidade econômica e social. Explorar uma floresta não significa necessariamente a sua destruição. Desde que haja um plano de manejo adequado, é possível tirar proveito do que ela tem para nos oferecer e, ao mesmo tempo, assegurar a sua existência.
Portanto, temos todos nós que contribuir para a sustentabilidade do planeta, lembrando sempre de nossa responsabilidade em ações práticas e concretas para alcançá-la.
Werner Stripecke é diretor do Sistema Fiesp/Ciesp no Alto Tietê